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quinta-feira, 20 de julho de 2023

Semeadura - Conduta Espírita

 1. Conduta espírita – No prefácio desta obra, Emmanuel escreveu, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, o texto abaixo reproduzido:

Abraçando o Espiritismo, pedes, a cada passo, orientação para as atitudes que a vida te solicita.

Pensando nisso, André Luiz traçou as normas que constituem este epítome (1) de conduta.

Não encontramos aqui páginas jactanciosas com a presunção de ensinar diretrizes de bom-tom, mas simples conjunto de lembretes para uso pessoal, no caminho da experiência, à feição de roteiro de nossa lógica doutrinária.

Certa feita, disse o Divino Mestre: “Quem me segue, siga-me”, e, noutra circunstância, afirmou: “Quem me segue não anda em trevas.”

Reconhecemos, assim, que não basta admirar o Cristo e divulgar lhe, os preceitos.

É imprescindível acompanhá-lo para que estejamos na bênção da luz.

Para isso, é imperioso lhe busquemos a lição pura e viva.

De igual modo acontece na Doutrina Espírita que lhe revive o apostolado de redenção.

Quem procure servi-la, deve atender-lhe as indicações. E quem assim proceda, em parte alguma sofrerá dúvidas e sombra.

Assim, ler este livro equivale a ouvir um companheiro fiel ao bom senso.

E se o bom senso ajuda a discernir, quem aprende a discernir sabe sempre como deve fazer. (Emmanuel. Uberaba, 17 de janeiro de 1960.) 

2. Mensagem ao leitor – A título de introdução ao livro cujo estudo agora iniciamos, André Luiz escreveu o texto que abaixo reproduzimos:  

Não temos aqui um compêndio à guisa de código para boas maneiras, tendo em vista a etiqueta e a cerimônia dos protocolos sociais.

Reunimos algumas páginas com indicações cristãs para que venhamos a burilar as nossas atitudes no campo espírita em que o Senhor, por acréscimo de misericórdia, nos situou os corações.

Assim, pois, rogamos não se veja em nossos apontamentos esse ou aquele propósito de culto às convenções do mundo exterior, nem teorização de disciplinas superficiais.

É que, na atualidade, mourejam, somente no Brasil, mais de um milhão de trabalhadores do Espiritismo, e decerto, por amor à nossa Doutrina de Libertação, será justo sintonizar as nossas manifestações, no campo vulgar da vida, com os princípios superiores que nos comandam as diretrizes.

Sabemos que a liberdade espiritual é o mais precioso característico de nosso movimento.

Entretanto, se somos independentes para ver a luz e interpretá-la, não podemos esquecer que o exemplo digno é a base para a nossa verdadeira união em qualquer realização respeitável.

Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações.

Este livro não tem a presunção de traçar diretrizes absolutas ao comportamento espírita.

Compreendemos, com Allan Kardec, que, em Espiritismo, foi pronunciada a primeira palavra, mas, em face do caráter progressivo de seus postulados, ninguém poderá dizer a última.

Relevem-nos, desse modo, quantos lerem as presentes nótulas, traçadas de caminho a caminho.

Escrevendo-as, tivemos em mira tão somente a nossa própria necessidade de aperfeiçoamento, ante a crescente extensão dos espíritas em nossos círculos de ação, com a certeza de que somos indistintamente tutelados de Nosso Senhor Jesus-Cristo, o nosso Mestre Divino, achando-nos todos chamados, por Ele, a aprender na abençoada Escola Terrestre. (André Luiz. Uberaba, 17 de janeiro de 1960.)

(1) Epítome é o mesmo que resumo, abreviação, compêndio, sinopse, síntese.

Marcelo Borela de Oliveira, Conduta Espírita – O Consolador – Nº 437 – 25/10/2015

Semeadura - Vida e morte

 "Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção."
Paulo (Gálatas, 6-8.)
Plantaremos todos os dias.

É de Lei.

Até os inativos e os ociosos estão semeando escalracho da imprevidência. 

Há sementes que produzem no curso de breves semanas, outras, todavia, que só oferecem o fruto no breve decorrer dos séculos.

Em todos os tempos a multidão semeou complicações de natureza material, agravando a teia das reencarnações dolorosas, demorando-se no plano da decadência.

Ainda hoje, há os que pretendem curar a honra com o sangue alheio e lavar a injustiça com as represálias do crime.

Daí o ódio de ontem gerando as guerras de hoje, a ambição pessoal formando a miséria que há de vir; os prazeres fáceis requisitando retificações de amanhã.

Até o presente, apenas alguns discípulos, de quando a quando, compreendem a necessidade da Semeadura Espiritual em si mesmos, diferentes de quantos se conhecem no mundo, e marcham no caminho do mestre Supremo.

Se desejas plantar na Lavoura Divina, foge ao velho sistema de semeadura na corrupção e ceifa na decadência.

Semeia para a Vida Eterna.

Repara as multidões encarceradas nesse antigo processo e segue para o Senhor, cuidando das próprias aquisições.

Elucidações de Emmanuel, Vida e morte – O Consolador – Nº 324 – 11/08/2013

E. D., Livro: Sentinelas de Luz, (Chico Xavier)

Semeadura - Pães e peixes

 Em uma das mais belas passagens evangélicas, na minha opinião, o chamado milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus alimenta uma multidão esfaimada a partir de uma singela porção de pães e peixes. Para além da discussão fenomenológica dessa passagem evangélica, essa ideia dadivosa e multiplicativa que se apresenta nessa mensagem do nazareno se faz presente também em outras passagens, na sentença do “pedi e obtereis”, ou ainda, na Parábola dos talentos, das moedas que se convertem em riqueza, quando não escondidas.

As lições citadas trazem uma mensagem central, frequentemente ignorada, de que a vida é um celeiro de oportunidades e bênçãos, que nos brinda com tesouros, a partir de pequenos investimentos que oferecemos. Um naco de peixe, uma côdea de pão, algumas moedas, módicos sacrifícios que a vida nos remunera com realizações, conquistas e vitórias. E nesse mar de oportunidades, temos dificuldades de identificar os caminhos, os chamados e as melhores opções de aplicação de nossos humildes, mas indispensáveis recursos.

O leitor pode achar que se trata de um excesso de otimismo, mas se olharmos as bênçãos recebidas, os acréscimos de misericórdia e tudo mais que a vida nos oferece, verá que não se trata de exagero e sim de realidade, como Jesus já nos alertava. Obviamente, não falamos de conquistas materiais, mas de avanços mais amplos, que saciam a fome da multidão, sequiosa do pão da vida, que sustenta o espírito imortal.

Essa abundância da existência, como oportunidade de crescimento, de colheita, nos faz refletir sobre o que pedimos e para onde direcionamos nosso arado nessa semeadura. Cuidado com o que pedimos, podemos conseguir! Por vezes, carreamos anos de nossa encarnação em projetos mirabolantes e colhemos destes o que plantamos. Mas por vezes esse produto não nos sacia a fome maior.

A introdução da obra “Cartas e Crônicas”, psicografia de Chico Xavier, pelo Espírito Irmão X, lá em 1966, passados quase cinquenta anos, indica bela história atribuída ao poeta indiano Rabindranath Tagore, na qual um lavrador, a caminho de casa, com a colheita do dia, notou que, em sentido contrário, vinha suntuosa carruagem, revestida de estrelas. Reconheceu, conduzindo aquele veículo, o Senhor do Mundo, que saiu dela e estendeu-lhe a mão a pedir-lhe esmolas. Apesar do espanto, mergulhou a mão no alforje de trigo que trazia e entregou ao Divino pedinte apenas um grão da preciosa carga. Após a partida do Todo-poderoso, o pobre homem do campo observou que curiosa claridade vinha do seu alforje poeirento e percebeu que o grânulo de trigo, do qual fizera sua dádiva, tornara à sacola, transformado em pepita de ouro luminescente.

Como o homem da história, retemos nossos tesouros e os aplicamos mal, sem perceber as pequenas solicitações divinas, a nos recompensar com a chamada parte boa. Voltando ao saber evangélico, esquecemos que Jesus nos alertou que a colheita era livre, mas que a semeadura era obrigatória. Reforçou essa visão quando indicou que onde está o nosso coração, aí está nosso tesouro. O Mestre, na atualidade de suas lições, nos deixa a lembrança que diante de uma empreitada importa saber o que queremos colher, e ainda, se esse banquete realmente saciará a nossa fome do espírito, para além dos lírios do campo.

Diante da multidão faminta que o seguia, fez do pouco o muito e todos comeram até ficarem saciados. Das diversas necessidades humanas – psicológicas, materiais, espirituais –, nós, que também avançamos na multidão que O segue, temos que ficar atentos ao pão e ao peixe que buscamos, para que essas bênçãos não se tornem maldições, fardos que arrastamos ao longo de encarnações, dominados pela ânsia da posse e pela visão imediatista da fome do mundo.

Assim, seguimos nossa caminhada rumo à luz, com um pão, um peixe, uma moeda. De tudo a vida conspirará para o nosso avanço, com o suor do trabalho e a esperança da fé. Mas importa saber para onde seguimos, em que direção e sentido, o que buscamos e em que prisma de existência. Caminhar por caminhar pode significar rumar em círculos, marcando passo na reencarnação, perdidas as oportunidades, que podem não voltar em condições tão ideais como a atual.

Marcus Vinícius de Azevedo Braga, Pães e peixes 
                                                                            – O Consolador – Nº 399 – 01/02/2015

Semeadura - Livre-arbítrio

 Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina

1. O livre-arbítrio relativo é, segundo o Espiritismo, apanágio do ser humano, cujo exercício no orbe terráqueo estará também submetido a determinadas circunstâncias de acordo com o mapa de serviços a ser desenvolvido pelo reencarnante. Esse mapa é delineado pelo Espírito em harmonia com as opiniões dos seus guias espirituais, antes mesmo de se iniciar o processo reencarnatório.
  
2. As condições sociais, as moléstias, os ambientes viciosos, o cerco das tentações, os dissabores são circunstâncias da existência humana. Entre elas, porém, está presente sua vontade soberana. Ele pode, pois, nascer em um ambiente de miséria e dificuldades, buscando vencer por sua perseverança no trabalho e triunfar das deficiências encontradas; pode suportar as enfermidades com serenidade e resignação; pode ser tentado de todas as maneiras, mas só se tornará um criminoso se quiser. 
 
3. Livre para agir, o homem tem liberdade de escolher o tipo de vida que queira levar. As dores, as dificuldades, as vicissitudes da vida constituem provas ou expiações que ele deve enfrentar como consequência do uso indevido, incorreto, do livre-arbítrio em existências e vivências passadas.

4. O pensamento espírita é bastante claro: “Se o homem tem liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar”. Sem o livre-arbítrio ele seria uma máquina. E isso resulta de um fato simples: a liberdade é condição necessária à evolução do ser humano, que, sem ela, não poderia construir seu destino.

5. À primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada no círculo de fatalidades que o encerra: necessidades físicas, condições sociais, instintos ou interesses diversos. Mas, considerando a questão mais de perto, vê-se que esta liberdade é sempre suficiente para permitir que a alma quebre esse círculo e escape às forças opressoras.

6. Liberdade de escolha e responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação moral. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais que um autômato, um joguete das forças ambientes. A noção de moralidade é, aliás, inseparável da de liberdade. O homem é, portanto, livre, mas responsável pelo que faz; pode, assim, realizar o que deseje. Estará, porém, ligado inevitavelmente ao fruto de suas próprias ações.

Quanto mais livre o Espírito, mais responsável será 

7. Segundo a Escola Clássica, o homem dotado de inteligência e livre-arbítrio é penalmente responsável, porque: a) tem a faculdade de analisar e discernir; b) tem o poder de livre deliberação. A sociedade tem, portanto, o direito de punir o criminoso, porque este desfruta de vontade própria para delinquir ou não.

8. De acordo com a Escola Antropológica, o homem age por força das funções somático-medulares, glandulares ou cerebrais. Assim, o crime não é resultado da livre vontade do delinquente, mas de fatores biológicos, idéia que diverge da Escola Clássica.

9. A Escola Crítica, Eclética ou Sociológica afirma: a) o crime resulta não da livre vontade do delinquente, como querem os clássicos; b) nem da imposição de reflexos biológicos, herdados ou adquiridos, como querem os antropologistas, mas exclusivamente de fatores sociais.

10. O Espiritismo tem visão própria acerca do assunto. Seus conceitos essenciais afinam-se, de alguma sorte, com as diversas escolas, indo, porém, mais além, em face da lei de reencarnação.

11. Esclarece-nos o Espiritismo que: a) pelo uso do livre-arbítrio construímos o nosso destino, que poderá ser de dores ou de alegrias; b) quanto mais livre é o Espírito, mais responsável será; c) a fatalidade ou o determinismo que afetam sua vida derivam da escolha das provas que o Espírito fez antes de reencarnar.

12. Se existe escolha das provas antes do renascimento corporal, o Espírito estabelece para si uma espécie de destino. Disso se conclui que o livre-arbítrio não tem uma medida absoluta, mas relativa.

Somos constrangidos a colher o resultado de nossas obras

13. Inúmeros são os exemplos da falência do indivíduo pelo uso indevido do livre-arbítrio. Vejamos alguns e suas conseqüências, extraídos da obra Encontro Marcado, págs. 160 a 163, de autoria de Emmanuel.

14. Com relação à posse de bens materiais, o homem é livre para reter quaisquer posses que a legislação humana lhe faculte, mas se abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da abnegação.

15. Com relação ao estudo, o homem é livre para ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser, mas se coloca os valores da inteligência em apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros com o objetivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do discernimento.

16. Com relação ao trabalho, o homem é livre para abraçar as tarefas a que se afeiçoe, mas se malversa o dom de empreender e de agir, prejudicando o próximo, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço aos semelhantes.

17. Com relação ao sexo, o homem é livre para dar às suas energias e impulsos sexuais a direção que prefira, mas se transforma os recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e desrespeito aos compromissos afetivos, encontrará nas consequências disso a fieira das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor puro.

18. Como se vê, todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a colher os resultados das nossas próprias obras.

Thiago Bernardes, Livre-arbítrio – O Consolador – Nº 80 – 02/11/2008

Bibliografia:

Kardec Allan, O Livro dos Espíritos, (questões 843, 844 e 872)

Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, (pag. 342)

André Luiz, No Mundo Maior, (pag. 140 a 153), (Chico Xavier)

Martins Peralva, O pensamento de Emmanuel, (pags. 199 a 201)

Emmanuel, Encontro Marcado, (pags. 160 a 163), (Chico Xavier)

Humberto de Campos, Palavras do Infinito, (pags. 94 e 95), (Chico Xavier)

Semeadura - A fonte divina

   “Nunca te deixarei e nem te desampararei.” (Paulo – Hebreus, 13:5.)

Na vida estamos situados na posição evolutiva decorrente dos nossos esforços e empenhos empreendidos ao longo dos milênios que estiveram à nossa disposição.

Não somos melhores e ainda não conseguimos avançar mais na senda do progresso espiritual por nossa própria deliberação. A Justiça Divina, no contexto da sua imensurável fonte de amor, sempre se apresentou com fartura de oportunidades em nosso favor, no entanto, o aproveitamento das chances oferecidas sempre dependeu na nossa boa vontade em aproveitá-las.

Dessa forma, somos o que somos porque assim quisemos ser. Verdadeiramente, somos herdeiros de nós mesmos, tendo o mérito pelas conquistas efetuadas e a culpa pelos fracassos conhecidos. “E o meu Deus suprirá todas as vossas necessidades...” (Paulo – Filipenses, 4.19)

Observemos uma fonte a jorrar água abundante e cristalina, ficando à disposição daqueles que têm sede. Se nos dirigirmos a ela conduzindo um copo, não conseguimos apanhar mais que um copo de água límpida. Se levarmos uma jarra, carregaremos conosco um pouco mais de água e, se nos apresentarmos levando um balde, teremos a oportunidade de reter uma quantidade bem maior desse precioso líquido.

Obviamente, cada um colherá na fonte a quantidade de água proporcional ao recipiente conduzido, embora ela continue a jorrar abundantemente.

Assim também acontece com a Providência Divina, sempre a oferecer uma quantidade imensa de recursos que permanece à disposição de todos nós. Dependendo do recipiente da nossa maturidade espiritual, consciência evolutiva e vontade em avançar pela estrada do progresso, poderemos aproveitar mais um menos tais disponibilidades divinas.

Ainda não podemos olvidar que nada cairá do “céu” de forma gratuita, mas que tudo, dentro das sábias e perfeitas leis de Deus, obedecerá as leis do mérito. A cada um segundo as suas obras, conforme sentenciou Jesus (Jesus - Mateus, 16.27), então, não resta qualquer dúvida: quem não se esforçar, não se dedicar e não se interessar por dias melhores, certamente, não os terão.

Então, descruzemos os braços e estendamos as mãos para a realização do trabalho gratificante da semeadura, pois que, no tempo certo, abarrotaremos o celeiro das nossas conquistas com os frutos saudáveis do lavor empreendido.

Basta um olhar de observação ao nosso redor e logo identificaremos inúmeras oportunidades para vivenciar as imprescindíveis lições de Jesus Cristo: “Amarás ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo” (Jesus - Mateus, 22, 37).

Qualquer outro caminho que deliberarmos seguir, por certo, não nos conduzirá a nenhum lugar seguro. Disso já temos uma quantidade imensa de constatações, pois que, ao longo desses anos todos, temos trilhado outras estradas e até agora o que encontramos foram dores, aflições, decepções, amarguras e remorsos.

Paulo de Tarso, no âmbito da sua reconhecida sabedoria, nos advertiu que será preciso e urgente que “matemos o homem velho que existe dentro de nós, para que nasça um homem novo” (Paulo – Colossenses, 3). Assim, informou o Apóstolo dos Gentios que não podemos adiar mais a decisão de erradicar o egoísmo e o orgulho dos nossos corações, substituindo-os pela fraternidade, solidariedade e imenso amor pelo próximo.

Não será difícil concluirmos, então, que se desejamos uma vida de paz e serenidade, não existe outro caminho que não seja plantar a felicidade nos corações alheios.

A fonte divina continua a jorrar as águas cristalinas da sabedoria e do amor, apenas precisamos aumentar o recipiente do nosso interesse em aproveitá-los.

Reflitamos...

Waldenir Aparecido Cuin , A fonte divina – O Consolador – Nº 275 – 26/08/2012


Semeadura - Trabalho & Trabalhadores

Tudo no mundo reclama entendimento...
Tudo na vida pede nosso esforço...

"Eis que o semeador saiu a semear..." - Jesus, (Mt., 13:3)

O tema chama a atenção para dois posicionamentos importantes, que dizem respeito às nossas atitudes perante os ensinamentos de Jesus e as escolhas que fazemos, ainda que tenhamos pouco conhecimento deles.

Uma delas lembra que os trabalhadores do mundo classificam-se em diferentes posições, mas que o campo é um só; a outra se reporta a uma frase de Jesus, dita aos discípulos, referindo-se ao Evangelho que Ele trazia. Disse o Mestre: “A semeadura é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”¹, ou os colhedores, como entendemos, fazendo referência ao consolo que Seus ensinamentos traziam e a presença de poucos trabalhadores para recolherem essas benesses.

Em relação à primeira, incontáveis são os trabalhos ligados ao estômago, como incontáveis são os trabalhadores que permanecem ligados às emoções relativas ao sexo. Ambos têm fundamento sagrado, mas não podemos e não devemos permanecer parados em uma ou outra expressão, visto ser preciso levantar os olhos e ver acima das regiões nas quais estamos mergulhados.  Necessitamos pensar que existem zonas mais elevadas de onde poderemos colher valores novos, atendendo à nossa própria existência.

Cada um de nós é um celeiro, no qual armazenamos a colheita que houvermos feito em nossas viagens reencarnatórias. É chegado o momento de limparmos esse celeiro e renová-lo com as benesses que houvermos colhido, frutos de semeadura cuidadosa.

A semeadura é nossa, a colheita é nossa e o celeiro é dádiva divina, que precisamos cuidar.  Estamos falando do Espírito que é abrigado pelo corpo, corpo esse que permite a esse mesmo Espírito progredir, evoluir, adquirir valores morais perenes, para que se afaste cada vez mais das zonas inferiores da matéria grosseira e ganhe asas para voos mais altos, em direção a mundos mais elevados.

É a busca de iluminação espiritual, que cada um de nós necessitará, mais cedo ou mais tarde, porque o que é somente material já não nos satisfará mais. Só que essa busca vai requerer, também, de cada um de nós, a disposição firme, a perseverança para alcançar o objetivo e o fortalecimento da fé para que, independentemente dos obstáculos e tentações, possamos prosseguir sem medo.

Tudo no mundo reclama entendimento... Tudo na vida pede nosso esforço...

É neste ponto que a frase de Jesus, dita aos discípulos, necessita esclarecimento: existe o trabalho e existem os trabalhadores. Ainda que estes sejam diferentes, aquele é um só. Ainda que surjam trabalhadores em diferentes posições e atividades, o campo é um só. É a seara do Pai, porque tudo pertence a Ele; tudo emana d`Ele e pode ser transformado em nossas mãos, pela Sua Infinita Misericórdia, em benesses para nós e para os outros. Jesus é o Celeste Trabalhador, agindo em nós e a nosso favor, a fim de aprendermos a ser Seus instrumentos no cumprimento da obra divina em nós.

São as Leis do Trabalho e do Progresso que regem o Universo. Todavia, há milhões de pessoas que se sentem dispensadas da glória de servir; criaturas essas que veem o trabalho como humilhação, como sofrimento e, por isso mesmo, buscam todo tipo de facilidades delituosas, desperdiçando as horas, voltadas tão-somente para a realização dos seus desejos e caprichos, imitando o poço d`água parada que se envenena por si próprio.

Infelizmente, temos, também, muitos aprendizes do Evangelho que almejam grandes realizações de um dia para outro. Diz Emmanuel que esses companheiros – e será que não somos desses? – querem “a coroa da santidade, o poder da cura, a glória do conhecimento superior, as edificações de grande alcance...”(2)

Entretanto, não basta desejar. Tudo na Natureza obedece a uma sequência da qual ninguém escapa, pois não é possível queimar etapas.

Prossegue Emmanuel, dizendo que a árvore vitoriosa na colheita foi antes um arbusto frágil; que a catarata, capaz de movimentar turbinas poderosas, é um fio de água no nascedouro; e que a construção de um edifício não pode dispensar o serviço da pá e da picareta, do tijolo e da pedra...  Por essa razão, é de vital importância, para garantirmos o prosseguimento nos caminhos da evolução, que abracemos os deveres humildes e simples, por mais árduos que possam ser, pois é através do amor que lhes dedicarmos que atingiremos, no devido tempo, o ideal de progresso que tanto almejamos. Após as pequenas, as grandes tarefas virão espontaneamente ao nosso encontro.

Nenhum trabalhador do campo Divino carrega fardo maior do que aquele que ele pode suportar, embora, tantas vezes, iludido, acredite poder fazê-lo. Fardo pesado exige ombros fortes. Tarefa de grande responsabilidade moral exige preparação adequada, crescimento e desprendimento, em benefício do próximo.

O apóstolo Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, capítulo 2, versículo 15, deixa sábias e justas palavras para que acordemos diante dos convites ao trabalho que Jesus nos faz. Diz ele: “Procura apresentar-te a Deus aprovado como o obreiro que não tem de que se envergonhar”.

O mundo é departamento da Casa Divina. A cátedra para quem fala e a enxada para quem planta não são elementos de divisão humilhante, mas, tão-somente, degraus para cooperadores diferentes. O caminho para a elevação, este sim, é igual para todos. Solo ou livros são somente instrumentos diferentes, mas a essência do serviço é a mesma: apresentar-se diante do Pai como obreiro aprovado na tarefa que lhe foi confiada.

Jesus trouxe o Evangelho para que permanecesse no mundo com a finalidade de enriquecer o espírito humano, mas são tão poucas as criaturas dispostas a trabalhar na sua conquista, enfrentando dificuldades e surpresas que surgem no meio da jornada, com devotamento e fidelidade ao Cristo.

Se de um lado temos a escassez de trabalhadores comprometidos com o Evangelho, de outro, apresenta-se uma multidão de desesperados, aflitos e iludidos, que continuam atravessando séculos sem nada realizar para si mesmos e para os semelhantes. Com isso, esses poucos tarefeiros veem-se onerados em virtude de tantos famintos de pão espiritual. Mas é preciso observar que sem a determinação de buscar, por si próprios, o alimento da vida eterna, ficam aguardando, que chegue até eles, o trigo já beneficiado e o pão já pronto.

Lembra Emmanuel que “esse quadro persistirá na Terra, até que bons consumidores aprendam a ser bons ceifeiros”. (3)

Jesus é o Semeador Divino por excelência e Suas palavras, sementeira pura e profunda.   Nossos corações também são terrenos a serem cultivados.  Se são pedregosos, cheios de espinhos ou solo fértil, onde caem as sementes amorosas do Mestre amigo, mesmo que ainda não O compreendamos em Sua plenitude, diferentemente dos homens, Ele acredita na nossa capacidade de nos transformarmos, e transformar o que existe ao nosso redor.

Essa capacidade de olhar mais além, de perceber a centelha divina que existe em nós é que faz com que o Excelso Amigo nos aguarde. Ele sabe que nos reergueremos de onde estivermos, com dificuldades, lutas, mas ultrapassando obstáculos com vistas no futuro.

Se ontem semeamos e hoje colhemos, e se desejamos colheita farta e de qualidade no futuro, precisamos aprender a escolher melhor e a recolher essas benesses que emanam de Deus para todos. Evidentemente, é preciso trabalhar para isso, afinal, não estamos trabalhando para nós mesmos?

Leda Maria Flaborea, Trabalho & Trabalhadores 
                                                                        – O Consolador – Nº 290 – 09/12/2012
Bibliografia:

1. Mateus, 9:37

2. Emmanuel, Livro: Fonte Viva, (lição 118), (Chico Xavier)

3. Emmanuel, Livro: Pão Nosso, (lição 148), (Chico Xavier)

 

Semeadura - A mensagem de Jesus foi esquecida

Diante dos lamentáveis acontecimentos que estão ocorrendo na atualidade, perguntei a Jesus: se Deus fez tudo para sermos felizes na Terra, desde a melodia do murmúrio das águas, o canto dos pássaros, o perfume das flores, até o sorriso de uma criança, por que o homem prossegue indiferente ao seu glorioso destino como filho do Altíssimo?

Por que, Celeste Amigo, tanto ódio, tanta guerra, tanto sangue derramado, se só semeaste o amor, a concórdia e o perdão no coração do homem quando estiveste entre nós? Por certo me responderás que essas divinas sementes caíram na terra pedregosa da alma humana, e tiveram suas raízes queimadas pelo calor da violência, onde o rancor e a brutalidade distanciam as criaturas do bem e da paz.

Por que, Pastor de Nossas Almas, os homens não se dão às mãos em nome da fraternidade, para ultrapassarem as barreiras da intolerância religiosa? Não legaste como única religião para os homens o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo? Dirás que a semeadura desse Mandamento Maior cresceu entre os espinheiros da ambição, do poder e da injustiça, e abafadas por eles, ela se tornou improdutiva, levando a sombra da descrença aos que buscam nas religiões o caminho da iluminação interior.

Divino Mestre, por que as criaturas humanas esqueceram a mensagem de esperança proferida no alto do monte, naquele fim de tarde, quando Te dirigiste aos vencidos e sofredores deste mundo, entoando o cântico inesquecível das bem-aventuranças celestiais? Por que elas vivem revoltadas contra as dificuldades naturais da vida, agredindo a tudo e a todos?

Provavelmente ouvirei de Ti, Senhor, a seguinte resposta:

– Se muitos não tiveram “ouvidos de ouvir”, outros certamente me escutaram naquele encontro sublime, pois meus ensinos caíram em “terra fértil” e produziram bons frutos, como, até hoje, muitas almas se levantam para a vida, porque continuam ouvindo, como bálsamo, sobre seus corações sofridos, a mensagem de esperança: “Bem-aventurados os pobres e os aflitos! Bem-aventurados os pacíficos e os simples de coração...”.

Gerson Simões Monteiro, A mensagem de Jesus foi esquecida 
                                                                        – O Consolador – Nº 20 – 29/08/2007

terça-feira, 4 de julho de 2023

Semeadura - A lei é de causa e efeito

Sabemos que a semeadura é livre. 

Temos a liberdade para semear o que quisermos. Semear alegrias ou tristezas; sorrisos ou lágrimas; abraços ou distanciamentos; motivações para o trabalho ou o desânimo e a preguiça; igualdade ou desigualdade; inclusões ou exclusões; amor ou indiferença; etc...

Temos, também, a ciência de que a colheita é obrigatória. Como pretendermos colher alegrias, se apenas semeamos tristezas? Como nos atrevermos a colher a compreensão dos outros, se só semeamos a discórdia, a indiferença e a exclusão? Como exigirmos um presente melhor, se causamos estragos no passado?

Agora, a boa notícia nunca falha. O Pai jamais abandona as suas criaturas. Ele manda avisar que, apesar de a colheita ser obrigatória, a caridade (o amor em ação) pode suavizá-la. Vide primeira carta do apóstolo Pedro, capítulo 4, versículos 8 e 9:

(...) Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobrirá a multidão de pecados, sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações...

Dessa forma, ao fazer a colheita, praticando a caridade, acolhendo uns aos outros, sem murmurações, estaremos, automaticamente, semeando o amor e promovendo um mundo melhor e mais humano, isto é, mais fraterno.

Agindo assim, será que estaremos livres das amarguras, da dor e do sofrimento, das vicissitudes do dia a dia? Certamente que não, porque ainda estamos em provas e expiações. Mas estaremos fortalecidos moralmente e unidos em pensamentos para atuarmos, em nome do amor, a fim de vencermos desafios e nos tornarmos melhores e transformados pela força do amor.

Portanto, tenhamos toda a atenção e o devido cuidado de que a lei é de causa e efeito; mas o amor em ação..., esse, sim, tudo pode!

Yé Gonçalves, A lei de causa e efeito – O Consolador – Nº 683 – 16/08/2020

Semeadura - O princípio de ação e reação

 Liberdade e responsabilidade

1. Se o homem goza da liberdade de pensar, goza igualmente da liberdade de obrar. O livre-arbítrio é apanágio da criatura humana. Sem ele, o homem seria uma máquina.

2. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades do indivíduo. A liberdade é a condição necessária da alma humana, que não poderia construir seu destino, caso não a desfrutasse.

3. A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem responsabilidade, o homem não seria mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes. A noção de moralidade é, pois, inseparável da de liberdade.

O livre-arbítrio

4. Quando resolvemos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, a nossa consciência sempre nos alerta a respeito, aprovando-nos ou censurando-nos. Apesar de essa voz íntima nos alertar, sempre usamos o que foi decidido pela nossa vontade, ou livre-arbítrio. Nada nos coage nos momentos de decisões próprias, daí ser correto afirmar que somos responsáveis pelos nossos atos, que somos os construtores do nosso destino.

5. O livre-arbítrio pode ser, desse modo, definido como a faculdade que tem o indivíduo de determinar sua própria conduta, ou seja, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.

6. Aceitar que seja a vida guiada por um determinismo onde todos os acontecimentos estão fatalmente preestabelecidos é raciocinar de maneira ingênua, simplória, porque, se assim fosse, o homem não seria um ser pensante, capaz de tomar resoluções e de interferir no progresso. Seria apenas uma máquina robotizada, irresponsável, à mercê dos acontecimentos.

7. O livre-arbítrio, a livre vontade que tem o Espírito de agir, exerce-se principalmente na hora das reencarnações. Escolhendo tal família, certo meio social, ele sabe de antemão quais são as provações que o aguardam, mas compreende, igualmente, a necessidade dessas provações para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir-se de seus preconceitos e vícios.

8. Essas provações podem ser também consequência de um passado nefasto, que é preciso reparar, e ele as aceita com resignação e confiança. O futuro aparece-lhe, então, não em seus pormenores, mas em seus traços mais salientes, isto é, na medida em que esse futuro é a resultante de atos anteriores.

A origem dos males

9. A Doutrina Espírita ensina que de duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se se preferir, promanam de duas fontes bem diferentes. Umas têm sua causa na vida presente; outras têm-nas fora desta vida.

10. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são a consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

11. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruinaram por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências!

12. A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem é, portanto, em grande número de casos, o causador de seus próprios infortúnios.

13. Existem, no entanto, males que se dão sem que ele, ao menos aparentemente, tenha qualquer culpa. São dores e vicissitudes cuja origem se encontra em atos praticados em existências pregressas, como, por exemplo, os acidentes que nenhuma previsão pode impedir; os reveses da fortuna, que frustram todas as precauções ditadas pela prudência; os flagelos naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram a tantas pessoas os meios de ganhar a vida pelo trabalho, etc.

Ação e Reação

14. Os que nascem nessas condições, sem que tenham feito nada na atual existência para merecer tão triste sorte, colhem agora os efeitos dos seus atos do pretérito, porquanto não há sofrimento sem causa, e a lei de ação e reação, que rege a nossa vida, determina que, se somos livres na semeadura, somos escravos na colheita.

15. Deus nos permite, assim, pelo livre-arbítrio, a responsabilidade de praticar o bem ou a mal, mas, a partir do momento que decidimos o que fazer, essa ação gera uma reação característica, que virá, mais tarde sob a forma de colheita.

16. Explicam-se, dessa forma, pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a distribuição da ventura e da desventura entre os bons e os maus neste planeta.

Thiago Bernardes, O princípio de ação e reação – O Consolador – Nº 22 – 14/09/2007

Bibliografia:

Kardec Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. 5, itens 4, 6 e 7.)

Kardec Allan, O Livro dos Espíritos, (itens 843, 844, 846, 847, 850, 851 e 852.)

Calligaris Rodolfo, As Leis Morais, (pág. 151.)

Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, (págs. 342 e 346.)


Semeadura - Parábola do semeador: reflexões

 “Um semeador saiu a semear...” (Mateus, 13:4)
 
Profundamente sábio e utilizando-se de analogias com figuras pertinentes à Palestina de seu tempo (figuras da pesca e da agropecuária local), o Mestre das alegorias não agiria diferentemente na parábola do semeador. O Benfeitor Emmanuel trabalhará em cima de tais ensinamentos e aqui fazemos nossas próprias reflexões.

O primeiro ensinamento da parábola é aquele que nos adverte que a cada reencarnação temos deveres intransferíveis: na qualidade de ‘donos do campo’, somos os próprios lavradores. Não podemos contratar ‘peões’ e ordenar-lhes que evoluam por nós! Ou pedir-lhes que, enquanto descansamos ao pé da escadaria, galguem todos os degraus que nós próprios precisaremos subir.

Como segundo ensinamento, nós, na qualidade de cooperados – Espíritos não evoluem sozinhos –, seremos convidados a abandonar personalismos ou pontos de vista e convocados a lavrar na “terra das almas, sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir em benefício de todos”. Pode-nos parecer até contraditória tal consideração se comparada à primeira, mas não é: uma coisa é ‘desejarmos’ evoluir, no sentido de utilizarmos nossa vontade de fazê-lo; outra coisa é a cooperativa fraternal.

Terceira e última consideração é a de que, se o divino Semeador, da manjedoura de Belém ao Gólgota, se fez pequeno em suas lides, por que nós, seus terceirizados, não deveremos nos vestir com a túnica e sandálias da humildade? Se ele nasceu entre pastores; cresceu no anonimato de Nazaré; conviveu com a hipocrisia de sacerdotes, doutores da lei e fariseus; teve como colaboradores, humildes pescadores; e morreu cruelmente numa cruz entre malfeitores... será óbvio que o tipo de berço que nos trouxer a esta reencarnação não será relevante; que o anonimato será o tempero de qualquer frente crística que abracemos; que opositores se farão presentes na lavoura, travestidos de lavradores ou semeadores, desejosos de plantar cizânias; que dos que ombrearem conosco, nenhum será perfeito; e que, a nós, cruzes se depararão sob os mais diversos aspectos.
* * *
Impossível raciocinarmos com semeadura sem os naturais constrangimentos do Orbe: o vento que espalha as sementes; a diversidade dos solos a serem semeados; o orgulho e o egoísmo a desejarem a perfeição do plantio e a santidade das ajudas; as sementes de joio infiltradas; e o cansaço que gera deserção e desânimo no cultivo.

A parábola do semeador é só uma das provas da sabedoria de nosso divino Professor atento a este Planeta muito antes da manjedoura; da manjedoura ao Gólgota; e em Espírito de Verdade até que se faça necessário.

Cláudio Viana Silveira –  Parábola do Semeador: reflexões
                                                                            – O Consolador – Nº 509 – 26/03/2017

Emmanuel, Livro: Fonte Viva, (cap. 64), (Chico Xavier)

Semeadura - Conduta Espírita

  1.   Conduta espírita  – No prefácio desta obra, Emmanuel escreveu, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, o texto abaixo reproduzido...