Pesquisar este blog

terça-feira, 4 de julho de 2023

Semeadura - O princípio de ação e reação

 Liberdade e responsabilidade

1. Se o homem goza da liberdade de pensar, goza igualmente da liberdade de obrar. O livre-arbítrio é apanágio da criatura humana. Sem ele, o homem seria uma máquina.

2. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades do indivíduo. A liberdade é a condição necessária da alma humana, que não poderia construir seu destino, caso não a desfrutasse.

3. A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem responsabilidade, o homem não seria mais do que um autômato, um joguete das forças ambientes. A noção de moralidade é, pois, inseparável da de liberdade.

O livre-arbítrio

4. Quando resolvemos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, a nossa consciência sempre nos alerta a respeito, aprovando-nos ou censurando-nos. Apesar de essa voz íntima nos alertar, sempre usamos o que foi decidido pela nossa vontade, ou livre-arbítrio. Nada nos coage nos momentos de decisões próprias, daí ser correto afirmar que somos responsáveis pelos nossos atos, que somos os construtores do nosso destino.

5. O livre-arbítrio pode ser, desse modo, definido como a faculdade que tem o indivíduo de determinar sua própria conduta, ou seja, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.

6. Aceitar que seja a vida guiada por um determinismo onde todos os acontecimentos estão fatalmente preestabelecidos é raciocinar de maneira ingênua, simplória, porque, se assim fosse, o homem não seria um ser pensante, capaz de tomar resoluções e de interferir no progresso. Seria apenas uma máquina robotizada, irresponsável, à mercê dos acontecimentos.

7. O livre-arbítrio, a livre vontade que tem o Espírito de agir, exerce-se principalmente na hora das reencarnações. Escolhendo tal família, certo meio social, ele sabe de antemão quais são as provações que o aguardam, mas compreende, igualmente, a necessidade dessas provações para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir-se de seus preconceitos e vícios.

8. Essas provações podem ser também consequência de um passado nefasto, que é preciso reparar, e ele as aceita com resignação e confiança. O futuro aparece-lhe, então, não em seus pormenores, mas em seus traços mais salientes, isto é, na medida em que esse futuro é a resultante de atos anteriores.

A origem dos males

9. A Doutrina Espírita ensina que de duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se se preferir, promanam de duas fontes bem diferentes. Umas têm sua causa na vida presente; outras têm-nas fora desta vida.

10. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são a consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

11. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruinaram por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências!

12. A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem é, portanto, em grande número de casos, o causador de seus próprios infortúnios.

13. Existem, no entanto, males que se dão sem que ele, ao menos aparentemente, tenha qualquer culpa. São dores e vicissitudes cuja origem se encontra em atos praticados em existências pregressas, como, por exemplo, os acidentes que nenhuma previsão pode impedir; os reveses da fortuna, que frustram todas as precauções ditadas pela prudência; os flagelos naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram a tantas pessoas os meios de ganhar a vida pelo trabalho, etc.

Ação e Reação

14. Os que nascem nessas condições, sem que tenham feito nada na atual existência para merecer tão triste sorte, colhem agora os efeitos dos seus atos do pretérito, porquanto não há sofrimento sem causa, e a lei de ação e reação, que rege a nossa vida, determina que, se somos livres na semeadura, somos escravos na colheita.

15. Deus nos permite, assim, pelo livre-arbítrio, a responsabilidade de praticar o bem ou a mal, mas, a partir do momento que decidimos o que fazer, essa ação gera uma reação característica, que virá, mais tarde sob a forma de colheita.

16. Explicam-se, dessa forma, pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como mundo expiatório, as anomalias que apresenta a distribuição da ventura e da desventura entre os bons e os maus neste planeta.

Thiago Bernardes, O princípio de ação e reação – O Consolador – Nº 22 – 14/09/2007

Bibliografia:

Kardec Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, (cap. 5, itens 4, 6 e 7.)

Kardec Allan, O Livro dos Espíritos, (itens 843, 844, 846, 847, 850, 851 e 852.)

Calligaris Rodolfo, As Leis Morais, (pág. 151.)

Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, (págs. 342 e 346.)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Semeadura - Conduta Espírita

  1.   Conduta espírita  – No prefácio desta obra, Emmanuel escreveu, por intermédio de Francisco Cândido Xavier, o texto abaixo reproduzido...