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quinta-feira, 20 de julho de 2023

Semeadura - Livre-arbítrio

 Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina

1. O livre-arbítrio relativo é, segundo o Espiritismo, apanágio do ser humano, cujo exercício no orbe terráqueo estará também submetido a determinadas circunstâncias de acordo com o mapa de serviços a ser desenvolvido pelo reencarnante. Esse mapa é delineado pelo Espírito em harmonia com as opiniões dos seus guias espirituais, antes mesmo de se iniciar o processo reencarnatório.
  
2. As condições sociais, as moléstias, os ambientes viciosos, o cerco das tentações, os dissabores são circunstâncias da existência humana. Entre elas, porém, está presente sua vontade soberana. Ele pode, pois, nascer em um ambiente de miséria e dificuldades, buscando vencer por sua perseverança no trabalho e triunfar das deficiências encontradas; pode suportar as enfermidades com serenidade e resignação; pode ser tentado de todas as maneiras, mas só se tornará um criminoso se quiser. 
 
3. Livre para agir, o homem tem liberdade de escolher o tipo de vida que queira levar. As dores, as dificuldades, as vicissitudes da vida constituem provas ou expiações que ele deve enfrentar como consequência do uso indevido, incorreto, do livre-arbítrio em existências e vivências passadas.

4. O pensamento espírita é bastante claro: “Se o homem tem liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar”. Sem o livre-arbítrio ele seria uma máquina. E isso resulta de um fato simples: a liberdade é condição necessária à evolução do ser humano, que, sem ela, não poderia construir seu destino.

5. À primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada no círculo de fatalidades que o encerra: necessidades físicas, condições sociais, instintos ou interesses diversos. Mas, considerando a questão mais de perto, vê-se que esta liberdade é sempre suficiente para permitir que a alma quebre esse círculo e escape às forças opressoras.

6. Liberdade de escolha e responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação moral. É a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais que um autômato, um joguete das forças ambientes. A noção de moralidade é, aliás, inseparável da de liberdade. O homem é, portanto, livre, mas responsável pelo que faz; pode, assim, realizar o que deseje. Estará, porém, ligado inevitavelmente ao fruto de suas próprias ações.

Quanto mais livre o Espírito, mais responsável será 

7. Segundo a Escola Clássica, o homem dotado de inteligência e livre-arbítrio é penalmente responsável, porque: a) tem a faculdade de analisar e discernir; b) tem o poder de livre deliberação. A sociedade tem, portanto, o direito de punir o criminoso, porque este desfruta de vontade própria para delinquir ou não.

8. De acordo com a Escola Antropológica, o homem age por força das funções somático-medulares, glandulares ou cerebrais. Assim, o crime não é resultado da livre vontade do delinquente, mas de fatores biológicos, idéia que diverge da Escola Clássica.

9. A Escola Crítica, Eclética ou Sociológica afirma: a) o crime resulta não da livre vontade do delinquente, como querem os clássicos; b) nem da imposição de reflexos biológicos, herdados ou adquiridos, como querem os antropologistas, mas exclusivamente de fatores sociais.

10. O Espiritismo tem visão própria acerca do assunto. Seus conceitos essenciais afinam-se, de alguma sorte, com as diversas escolas, indo, porém, mais além, em face da lei de reencarnação.

11. Esclarece-nos o Espiritismo que: a) pelo uso do livre-arbítrio construímos o nosso destino, que poderá ser de dores ou de alegrias; b) quanto mais livre é o Espírito, mais responsável será; c) a fatalidade ou o determinismo que afetam sua vida derivam da escolha das provas que o Espírito fez antes de reencarnar.

12. Se existe escolha das provas antes do renascimento corporal, o Espírito estabelece para si uma espécie de destino. Disso se conclui que o livre-arbítrio não tem uma medida absoluta, mas relativa.

Somos constrangidos a colher o resultado de nossas obras

13. Inúmeros são os exemplos da falência do indivíduo pelo uso indevido do livre-arbítrio. Vejamos alguns e suas conseqüências, extraídos da obra Encontro Marcado, págs. 160 a 163, de autoria de Emmanuel.

14. Com relação à posse de bens materiais, o homem é livre para reter quaisquer posses que a legislação humana lhe faculte, mas se abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da abnegação.

15. Com relação ao estudo, o homem é livre para ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser, mas se coloca os valores da inteligência em apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros com o objetivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do discernimento.

16. Com relação ao trabalho, o homem é livre para abraçar as tarefas a que se afeiçoe, mas se malversa o dom de empreender e de agir, prejudicando o próximo, encontrará nas consequências disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço aos semelhantes.

17. Com relação ao sexo, o homem é livre para dar às suas energias e impulsos sexuais a direção que prefira, mas se transforma os recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e desrespeito aos compromissos afetivos, encontrará nas consequências disso a fieira das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor puro.

18. Como se vê, todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a colher os resultados das nossas próprias obras.

Thiago Bernardes, Livre-arbítrio – O Consolador – Nº 80 – 02/11/2008

Bibliografia:

Kardec Allan, O Livro dos Espíritos, (questões 843, 844 e 872)

Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, (pag. 342)

André Luiz, No Mundo Maior, (pag. 140 a 153), (Chico Xavier)

Martins Peralva, O pensamento de Emmanuel, (pags. 199 a 201)

Emmanuel, Encontro Marcado, (pags. 160 a 163), (Chico Xavier)

Humberto de Campos, Palavras do Infinito, (pags. 94 e 95), (Chico Xavier)

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